Então, que queria dizer Jesus quando falou numa de suas ilustrações: “Morreu o mendigo e foi carregado pelos anjos para a posição junto ao seio de Abraão. Também o rico morreu e foi enterrado. E no Hades, ele ergueu os olhos, estando em tormentos, e viu Abraão de longe, e Lázaro com ele na posição junto ao seio”? (Lucas 16:19-31)
Visto que o Hades se refere à sepultura comum da humanidade, conforme já vimos, e não a um lugar de tormento, torna-se claro que Jesus estava ali contando uma ilustração ou história. Como evidência adicional de que não se trata dum relato literal, mas duma ilustração, considere o seguinte: Será que a distância que separa o inferno do céu está ao alcance da voz de modo que se possa realmente manter uma conversação? Além disso, se o rico estivesse num lago ardente literal, como poderia Abraão mandar Lázaro para lhe refrescar a língua com apenas uma gota de água na ponta do dedo?
Se fosse tomada ao pé da letra, significaria que os que gozam do favor divino caberiam todos no seio de um só homem, Abraão; que a água na ponta do dedo duma pessoa não seria evaporada pelo fogo do Hades; que uma mera gota de água traria alívio à pessoa que ali estivesse sofrendo. Parece-lhe isso razoável? Se fosse literal, entraria em choque com outras partes da Bíblia. Se a Bíblia fosse tão contraditória, será que alguém que ama a verdade a usaria como base de sua fé? Mas, acontece que a Bíblia não se contradiz.
Então, que queria Jesus ilustrar?
O rico, na ilustração, representava os líderes religiosos que se julgavam importantes, os quais rejeitaram a Jesus e depois o mataram. Lázaro retratava o povo comum, que aceitou o Filho de Deus. A morte do rico e de Lázaro representava uma mudança de condição. Esta mudança ocorreu quando Jesus alimentou espiritualmente o povo que fora negligenciado e que era como Lázaro, de modo que esse obteve o favor do Abraão Maior, Jeová Deus. Ao mesmo tempo, os líderes religiosos, falsos, ‘morreram’ quanto a terem o favor de Deus. Sendo rejeitados, sofreram tormentos quando os seguidores de Cristo expuseram as obras más deles. (Atos 7:51-57) Portanto, esta ilustração não ensina que alguns mortos sejam atormentados num inferno de fogo literal.
EXPLICAÇÕES DETALHADAS
O RICO simbolizava os fariseus amantes do dinheiro estavam escutando e escarnecendo. Mas Jesus lhes disse: “Vós sois os que vos declarais justos perante os homens, mas Deus conhece os vossos corações; porque aquilo que é altivo entre os homens é uma coisa repugnante à vista de Deus.”
Jesus Cristo usou uma figura de retórica semelhante ao ilustrar a dura e arrogante dominação exercida pelos escribas e pelos fariseus. Mostrando a completa indisposição desses líderes religiosos em ajudar o povo sobrecarregado, no mínimo que fosse, Jesus disse que ‘amarravam cargas pesadas e as punham nos ombros dos homens, mas eles mesmos não estavam dispostos nem a movê-las com o dedo’. (Mt 23:2-4)
A roupa “de púrpura e de linho” que o rico usavacomparava-se à vestimenta usada apenas por príncipes, nobres e sacerdotes. (Est 8:15; Gên 41:42; Êx 28:4, 5) Era caríssima.
O Hades, para onde se diz que o homem rico foi,é a sepultura comum da humanidade morta. Que não se pode concluir dessa parábola que o próprio Hades é um lugar de fogo ardente é tornado claro em Apocalipse 20:14, onde a morte e o Hades são descritos como sendo lançados no “lago de fogo”. A morte do rico e estar ele no Hades deve, portanto, ser figurativo, sendo que morte figurativa é mencionada em outras partes das Escrituras. (Lu 9:60; Col 2:13; 1Ti 5:6) Assim, ele sofreu o tormento ardente enquanto figurativamente estava morto, mas, na realidade, vivo qual humano. O fogo é usado na Palavra de Deus para descrever Suas mensagens de julgamento ardente (Je 5:14; 23:29), e diz-se que a obra dos profetas de Deus de declarar Seus julgamentos ‘atormenta’ os que se opõem a Deus e a seus servos. — Re 11:7, 10.
Lázaro é uma forma grecizada do nome hebraico Eleazar, que significa “Deus Ajudou”. Os cães que lambiam as suas feridas aparentemente eram do tipo que perambulavam pelas ruas e se alimentavam de carniça, sendo considerados impuros.
Simbolizava a classe pobre desprezada pelos fariseu que os consideravam impuros aos olhos de Deus.
A palavra grega pto·khós, usada por Lucas (16:20, 22), ao registrar a referência de Jesus a Lázaro como mendigo, descreve alguém que se agacha e se encolhe, e refere-se aos muito pobres, aos indigentes e aos mendigos. O mesmo termo é usado em Mateus 5:3 com referência aos “cônscios de sua necessidade espiritual (“pobres de espírito”)
A morte do rico e do Lázaro
A morte, conforme usada na Bíblia, pode também representar uma grande mudança na condição das pessoas. Por exemplo: Fala-se daqueles que seguem um proceder na vida contrário à vontade de Deus como estando ‘mortos em falhas e pecados’. Mas quando passam a ter uma condição aprovada perante Deus, como discípulos de Jesus Cristo, são mencionados como sendo ‘vivificados’. (Efésios 2:1, 5; Colossenses 2:13) Ao mesmo tempo, tais vivos passam a estar “mortos” para o pecado. Lemos: “Considerai-vos deveras mortos no que se refere ao pecado, mas vivos no que se refere a Deus, por Cristo Jesus.” — Romanos 6:11.
Visto que tanto o “rico” como “Lázaro” da parábola de Jesus são claramente simbólicos, sua morte logicamente também é simbólica. Mas em que sentido morrem?
Quanto aos impenitentes fariseus e outros líderes religiosos de destaque, estavam mortos para com a sua anterior posição de aparente favor. Estavam no “Hades”. Permanecendo impenitentes, estavam separados dos discípulos fiéis de Jesus como que por um “grande precipício”. Este era o “precipício” do julgamento imutável e justo de Deus. Sobre isso lemos nas Escrituras: “Tua decisão judicial é uma vasta água de profundeza.” — Salmo 36:6.
Estar Lázaro na posição junto ao seio de Abraãoindica que ele estava numa posição de favor (veja Jo 1:18), sendo que esta figura de linguagem se deriva da prática de se reclinar às refeições de tal modo que a pessoa podia recostar-se no peito de um amigo. — Jo 13:23-25.
Em outra metáfora, Jesus retratou “o rico” como desejando que Lázaro fizesse a coisa mínima por ele (trazer apenas água na “ponta do seu dedo”), pedido destinado a afastar Lázaro da sua posição favorecida junto a Abraão. — Lu 16:22, 24.
O TORMENTO DO “RICO”
A classe do “rico” também sofreu tormentos. Como? Pelas ardentes mensagens de julgamento da parte de Deus, proclamadas pelos discípulos de Jesus. — Veja Apoc. 14:10.
Não pode haver dúvida de que os líderes religiosos se sentiam atormentados pela mensagem proclamada pelos discípulos de Jesus. Procuravam desesperadamente impedir a proclamação. Quando os apóstolos de Jesus Cristo fizeram sua defesa perante o supremo tribunal judaico, composto de destacados homens religiosos, os juízes “sentiram-se profundamente feridos e queriam eliminá-los”. (Atos 5:33) Mais tarde, a defesa do discípulo Estêvão teve um efeito atormentador similar sobre os membros daquele tribunal. “Sentiram-se feridos nos corações e começaram a ranger os dentes contra ele.” — Atos 7:54.
Em outra metáfora, Jesus retratou “o rico” como desejando que Lázaro fizesse a coisa mínima por ele (trazer apenas água na “ponta do seu dedo”), pedido destinado a afastar Lázaro da sua posição favorecida junto a Abraão. — Lu 16:22, 24.
Estes líderes religiosos queriam que os discípulos de Jesus viessem e lhes ‘refrescassem a língua’. Queriam que a classe de “Lázaro” abandonasse a “posição junto ao seio” do favor de Deus e apresentasse a sua mensagem de modo tal, que não lhes causasse desconforto. De maneira similar, queriam que a classe de “Lázaro” atenuasse a mensagem de Deus, para não colocar seus “cinco irmãos”, seus aliados religiosos, num “lugar de tormento”. Sim, não queriam que nenhum de seus associados fosse atormentado por mensagens de julgamento.
Mas, conforme indicado pela ilustração de Jesus, nem os da classe do “rico”, nem seus aliados religiosos ficariam livres dos efeitos atormentadores da mensagem proclamada pela classe de “Lázaro”. Os apóstolos do Senhor Jesus Cristo recusaram-se a atenuar a mensagem. Recusaram-se a deixar de ensinar à base do nome de Jesus. Sua resposta ao supremo tribunal judaico foi: “Temos de obedecer a Deus como governante antes que aos homens.” — Atos 5:29.
Se os aliados religiosos do “rico” quisessem escapar daquele tormento, podiam fazer isso. Tinham “Moisés e os Profetas”, quer dizer, tinham as Escrituras Sagradas, inspiradas, escritas por Moisés e por outros profetas antigos. Nem uma única vez haviam estas Escrituras inspiradas indicado qualquer lugar literal de tormento após a morte, mas continham tudo o necessário para identificar a Jesus como o prometido Messias ou Cristo. (Deuteronômio 18:15, 18, 19; 1 Pedro 1:10, 11) Portanto, se os da classe do “rico” e seus “cinco irmãos” tivessem prestado atenção a “Moisés e os Profetas”, teriam aceito a Jesus como o Messias. Isto lhes teria facultado o favor divino e os teria protegido contra os efeitos atormentadores da mensagem de julgamento da parte de Deus.
AS FANTASIAS DA PARÁBOLA O RICO E O LÁZARO
01- Abraão está no céu e dá ordens para alguém lá? Luc. 16:23,24; João 3:13.
02- Abraão faz julgamentos no céu? Luc.16:25,26,29.
03- O "céu" e o "inferno" são vizinhos, distância de um braço humano. 16:24
04- Existe comunicação (conversação) do céu para o inferno? Luc. 16:23
05- Uma gota de água refresca um cidadão do fogo intenso? Luc.16:24
06- Os dois personagens eram aleatórios, um só tinha nome "Lázaro" (Deus ajudou), justamente a moral da parábola.
07- O rico era espiritual (líderes religiosos) e não por posses materiais. Luc. 16:19.
08- O pobre era em sentido espiritual, eram os povos da terra amaldiçoados pelos fariseus, pois o "rico" não lhes dava comida espiritual.
09- O abismo entre o céu e o inferno estão distantes um metro? Luc.16:26
10- A "morte" de ambos não é literal, mas era mudança de circunstâncias na chegada de Jesus. Ecl. 9:5,9,10.
11- O Tormento do rico era espiritual, Cristo Condenou os líderes religiosos e abençoou os pobres desprezados pelo rico.
11- Não tem no grego, as palavras céu e inferno>Tradução Jerusalém, Pastoral.
12- O espírito queima? Sente dor? Luc. 16:24.
13- O verme terá vida eterna? Por que é dito que nunca morrerá? Mar. 9:48.
14- Será que todos salvos caberiam no "seio de Abraão"? Luc.16:22.
15- Na morte a alma é carregada para o céu com a ajuda dos anjos? Luc. 16:22. Apoc. 14:6,7
CONCLUSÃO
Esta parábola confessa que depois da morte, a alma sem o corpo não está consciente, e para atuar ela precisa da ressurreição. Lucas 16:28-31. Portanto, a morte de ambos não é literal.